“O histórico recente sugere que eles sempre negociam. Então, a expectativa no mercado e entre empresários é de que haja algum tipo de negociação: seja um adiamento da vigência da tarifa, um waiver de três meses, seja uma redução da alíquota, algo mais próximo de 30%, como aconteceu no caso do México”, disse à coluna o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani.
“O cenário ideal seria: o governo brasileiro não retalia, o americano concede o waiver e depois aplica uma tarifa mais baixa. Essa é a expectativa majoritária hoje. Como isso vai se desenrolar, ninguém sabe”, declarou.
Mas a operação de hoje da PF traz ruído e aumenta a incerteza sobre como os EUA vão reagir.
“Não deve ser determinante, mas aumenta a incerteza. Já sabemos como o Brasil jogou, falta ver os próximos movimentos de Washington. E, nesse sentido, a decisão do Supremo de hoje aumenta o grau de incerteza”, afirmou o economista.
Por que o adiamento é a principal bandeira do empresariado agora
Paralelamente ao âmbito governamental, empresas e entidades dos Estados Unidos estão se mobilizando para pressionar o governo Trump a criar uma lista de exceções à tarifa de 50% imposta sobre produtos brasileiros ou pelo menos a adiar a imposição das tarifas.
Importadores de café nos EUA têm argumentado que essa commodity não concorre com a indústria local e que a sobretaxa pode gerar aumento de preços para consumidores e prejuízos para importadores americanos. Marcas como Starbucks e Lavazza têm no Brasil a origem de ao menos 20% dos grãos que importam para vender no mercado dos EUA.
“O waiver de três meses é importante porque, no caso das frutas como a manga, permitiria exportar parte da safra com menos risco”, disse Padovani.
Mesmo se não houver mudança na tarifa para aviões e componentes exportados pela Embraer, Padovani não acredita em interrupção total do fluxo comercial entre os dois países.
“No caso da Embraer, não há muitas alternativas para o comprador americano. Não dá para cancelar uma encomenda de avião e trocar de fornecedor da noite pro dia.O cliente norte-americano deve pagar mais caro e a Embraer perde margem porque não consegue repassar a tarifa inteira. Os dois lados perdem, mas o fluxo comercial continua — o que é melhor do que uma interrupção”, afirmou.
Desde a carta de 9 de julho, quando anunciou as tarifas de 50% contra os produtos brasileiros, a ação da Embraer já caiu 16 pontos percentuais – quatro pontos apenas hoje.
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